Poker Players, segue abaixo a entrevista dada por mim ao Jornalista e Blogueiro Pedro Nogueira para o site da Revista Alfa.
Garota Poker é uma personagem que, nas suas próprias palavras, foi criada para “dar minha pequena contribuição para o crescimento desse esporte que adooooro!” Desde que apareceu pela primeira vez em público – no Twitter, dia 25 de outubro de 2010 –, ela tem realizado essa tarefa com inteligência, bom humor e charme. Diariamente, ela incentiva os jogadores de pôquer pelo Twitter com até 30 ou 40 tweets. “GL aos poker players engatados!”, é o tipo de coisa que costuma dizer. Traduzido do jargão do pôquer, isso quer dizer boa sorte (“GL” vem degood luck) aos jogadores que estão “engatados” em alguma partida. Em três meses, ela conquistou 847 seguidores. Entre eles, grande nomes do pôquer brasileiro como André Akkari, Maridu Mayrinck e Leo Bello.
Devido ao sucesso no Twitter, a Garota Poker lançou também um blog. Desde o seu post de estreia, em 6 de novembro, ela publicou mais sete artigos. Alguns são reflexões sobre o mundo do pôquer e outros, textos técnicos. Recentemente, ela lançou uma série de entrevistas intitulada “Na Saia Justa com a Garota Poker”. Seu primeiro entrevistado foi o jogador Bruno GT.
Mas, hoje, foi ela que entrou na saia justa com a Alfa. Em uma entrevista exclusiva, a misteriosa Garota Poker revelou um pouco de si. “Aquela história de que alguém perdeu a fazenda [nas cartas] é, na verdade, um argumento para provar que o jogo é de habilidade”, diz sobre a velha lenda urbana do pôquer. “Afinal, se um jogador perdeu, o outro foi lá e ganhou.” Supersticiosa, ela afirma que sente-se mais segura jogando nas posições ímpares de mesa – e acredita que, “se houvesse a mesma quantidade de jogadores homens e mulheres, o top 5 do mundo teria 3 mulheres e 2 homens”.
A garota é dura na queda. Apesar de nossa insistência, ela não concordou em revelar o seu nome verdadeiro ou em publicar uma foto real. Mas prometeu que, quando ela se sentir preparada “para uma exposição maior”, vai atender aos dois pedidos da Alfa. E promessa é como ficha de pôquer: não tem mola.
Alfa – Você comentou em seu blog que, no Brasil, o pôquer “ainda caminha a passos lentos”. O que falta para o jogo se afirmar no país?
Garota Poker – Esse é um problema cultural. Sempre que você fala em pôquer ou diz que você vai jogar em um clube, as pessoas fazem a ligação direta com as casas de jogos clandestinos e casas de bingo. As noticias que a gente vê todo dia nos principais meios de comunicação sobre esse tipo de lugar nunca são boas, né? Existe no país um trauma muito grande em relação ao jogo que envolve apostas por conta disso. O Brasil ainda é muito preconceituoso, e por isso não para um minuto para diferenciar. Daí, quem é de fora do meio do pôquer acha que ele está no mesmo patamar da roleta, do bingo, do jogo do bicho. Acredito que isso vai mudar muito lentamente. Mas já está mudando.
Alfa – Seu namorado é jogador profissional, não? Você também é?
Garota Poker – Meu namorado jogava sempre e tinha o pôquer como uma fonte de renda secundária, até o dia em que não fez mais sentido pra ele continuar no outro trabalho. Eu não sou profissional, jogo por prazer, não pretendo viver disso. Conheci o jogo com meu namorado e me apaixonei, mas precisa ter muito estômago para viver somente do jogo. Eu não tenho!
Alfa – No primeiro post do seu blog, você fala que certas pessoas “olham torto” quando ouvem que alguém é jogador profissional. Você já presenciou uma situação dessas?
Garota Poker – Comigo nunca aconteceu diretamente, mas senti muito isso quando me perguntavam o que meu namorado fazia da vida. Cheguei a me sentir constrangida algumas vezes, mas nunca abaixei a cabeça e sempre tive orgulho de falar isso. Acho importante para a divulgação do esporte que tenhamos paciência em explicar todo o processo que envolve o jogo: as regras, os sites online, os torneios lives, os ídolos do pôquer… Somente a informação poderá ajudar a formar opiniões positivas sobre o esporte na sociedade
Alfa – O que você prefere: pôquer online ou ao vivo?
Garota Poker – Online. O conforto da minha casa é muito bom, fora a vantagem de jogar um volume maior. Mas gosto muito do ao vivo, também. Acho super divertido. Meu namorado joga 99% online. A gente vai jogar ao vivo poucas vezes juntos. Vou procurar deixar ele em casa e frequentar mais os clubes, adoro o contato com as pessoas.
Alfa – Texas Hold’em ou Omaha?
Garota Poker – Texas Hold’em já é complexo o suficiente pra mim! Quem sabe, no futuro, procuro aprender um pouco de Omaha.
Alfa – Qual é o seu filme de pôquer preferido?
Garota Poker – Acho que o preferido da grande maioria [dos jogadores] é o Cartas na Mesa, e para mim também.
Alfa – E o livro predileto?
Garota Poker – Harrington on Hold’em foi o primeiro que me apresentou um horizonte de possibilidades. Acho que esse marcou mais que os outros.
Alfa – No seu blog, você fez uma brincadeira sobre aquela velha história dos tios que “perderam uma fazenda no pôquer”. Você já ouviu falar de alguém que ganhou uma fazenda jogando cartas? Afinal, “para onde estão indo as terras do nosso país”, como você pergunta no blog?
Garota Poker – Já ouvi falar que o Gabriel Goffi andou ganhando alguns hectares Brasil afora. E essa história de que alguém perdeu a fazenda é, na verdade, um argumento para provar que o jogo é de habilidade. Afinal, se alguém perdeu a fazenda, o outro foi lá e ganhou.
Alfa – Você começou a série “Saia Justa” no blog, em que entrevista jogadores bem sucedidos do Brasil. Se pudesse escolher qualquer jogador da história do pôquer para fazer uma “Saia Justa”, quem seria?
Garota Poker – Nossa, essa sim é uma saia justa! Tem muita gente que gostaria de perguntar um monte de coisa, com certeza seria alguém old school. O Doyle Brunson eu tinha muita vontade, mas como no livro dele ele já contou um monte de curiosidade, não seria ele. Acho que escolheria Stu Ungar, que foi um dos maiores lokes que o pôquer ja viu: perdeu tudo, ganhou tudo, levou uma vida muito emocionante e é considerado, por muitos, o maior jogador de pôquer que já apareceu.
Alfa – Você afirma que “todo jogador tem a sua superstição”. Qual a sua?
Garota Poker – Eu sou a superstição em forma de garota, isso é fato! E no jogo tenho várias. A presença do meu namorado me assistindo é uma delas. Sempre que ele começa a me acompanhar em algum torneio, eu perco. E posição preferida na mesa, posições no torneio… Me sinto mais segura quando estou em número ímpar, preferencialmente “1”. E também existem as músicas que sempre regulam.
Alfa – Quem joga pôquer melhor: os homens ou as mulheres?
Garota Poker – Essa comparação não é muito justa, existem muito mais vezes homens jogando do que mulheres. Acho que, se houvesse a mesma quantidade de jogadores homens e mulheres, o top 5 do mundo teria 3 mulheres e 2 homens.
Alfa – Quando vamos conhecer a identidade real da Garota Pôquer? Só para ter certeza, você não é o Viktor Blom, é?
Garota Poker – Acho que isso faz parte da brincadeira. As pessoas mais próximas sabem quem eu sou, já viram fotos, conversaram no Skype. Não penso em aparecer logo, acho legal esse mistério do personagem. Um dia, com certeza, em alguma etapa do BSOP ou em outro torneio, a gente mostra a cara. E não sou o Viktor Bloom, Deus que me livre! Meu cabelo é muito mais bonito que o dele.